Visões cruéis dos professores, que não ajudam em nada a melhorar educação!

Visões cruéis dos professores, que não ajudam em nada a melhorar educação!

 

escola de vidro

Esta imagem, que recebi na internet, demonstra uma critica senso comum à escola: o fato dela ser uniformizadora, um local de fazer “iguais”.

Há um conto muito famoso em relação a isso, chamado “Quando a escola de vidro”.

Todas as críticas são verdadeiras, mas cruéis e injustas ao mesmo tempo.

Verdadeiras, porque realmente a escola, muitas vezes, é assim.

Cruéis e injustas, porque, como sempre, jogam apenas nas costas dos professores toda a culpa por a escola ser assim.

Venho insistentemente apontando este fato: culpam apenas os professores por todas as mazelas da escola! E isso entra no senso comum, como mostro nestes exemplos, sabendo que existem muitos outros.

Na charge acima, o pai – já um boneco tolhido – leva o filho, ainda um tronco, para também ser tolhido em uma sala de aula.

Quem os tolhem? O professor-machado!

Ora, esta charge está extremamente errada e, como eu disse, é cruel.

O professor TAMBÉM é um boneco tolhido!  O professor NÃO É o machado! Muito cruel colocar o professor como o machado e TODOS os outros como o tronco que foi tolhido (até mesmo o pai!).

O machado é a sociedade como um todo; o governo; os políticos; a secretaria de educação; os preconceitos…

O professor, mesmo que queira, muitas vezes NÃO CONSEGUE fazer diferente.

Saia você de sua aula conteudista, coloque a cabeça pra fora que você levará martelada! Tente fazer algo diferente, que logo virá a direção da escola orientada pela secretaria com dezenas de argumentos e punições para que você volte ao seu lugar!

E quem está na secretaria é um capacho do dono do poder na ocasião, um indicado político que NÃO É UM PROFESSOR!

Só quem trabalha dentro da escola e tenta fazer algo diferente sabe a dificuldade que existe, sabe o quanto temos de burocracia, papelada, restrições, orientações, pedagogês, resoluções, diertrizes, normas, decretos, leis orientando nosso trabalho, dizendo o que temos que fazer, como temos que fazer, quando temos que fazer.

E NÓS QUE SOMOS O MACHADO??!

No caso do conto “escola de vidro”, sem me estender muito, pego uma passagem:

“Uma vez um colega meu disse para a professora que existem lugares onde as escolas não usam vidro nenhum, e as crianças podem crescer a vontade. Então a professora respondeu que era mentira, que isso era conversa de comunista. Ou até coisa pior…”

E pego o nome da professora: “Dona Demência”.

Preciso dizer mais alguma coisa?

Mas, engraçado, os bem-sucedidos cidadãos que escreveram isso e desenharam aquilo – e os tantos outros que fazem da malhação ao professor um esporte – estudaram em escolas e foram orientados… por professores!

Abraços,

Declev Reynier Dib-Ferreira
Professor, e não machado

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No Diário do Professor você encontra artigos e links sobre o dia-a-dia da Educação:

Planos de aula, Atividades, Práticas, Projetos, Livros, Cursos, Maquetes, Meio Ambiente… e muito mais!

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Declev Dib-Ferreira

Declev Reynier Dib-Ferreira sou eu, professor, biólogo, educador ambiental, especialista em EA pela UERJ, mestre em Ciência Ambiental pela UFF, doutorando em Meio Ambiente pela UERJ. Atuo como professor na rede municipal de educação do Rio de Janeiro e também na Fundação Municipal de Educação de Niterói (FME), no Núcleo de Educação Ambiental (NEA). Sou coordenador de educação da OSCIP Instituto Baía de Guanabara (IBG) e membro/facilitador da Rede de Educação Ambiental do Rio de Janeiro (REARJ)... ufa! Fiz este blog para divulgar minhas idéias, e achei que seria um bom espaço para aqueles que quisessem fazer o mesmo, dentro das temáticas educação, educação ambiental e meio ambiente. Fiz outro blog, com textos literários (http://hebdomadario.com), no qual abro o mesmo espaço. Divirtam-se.

5 thoughts on “Visões cruéis dos professores, que não ajudam em nada a melhorar educação!

  • 14/08/2012 em 15:53
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    Dona Demência, Dona Hisurta (do filme O homem que copiava), clip do Pink Floyd … Nós professores somos machado? Então porque admiramos os artistas e os escritores que criticam a escola? Por que também não queremos a escola deste jeito!

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    • 14/08/2012 em 16:18
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      Oi Flávia,

      É claro que não queremos!

      Mas não se pode colocar em nossas costas a culpa por ela ser assim.

      Todos estes exemplos fazem isso.

      Abraços,

      Resposta
  • 16/08/2012 em 04:56
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    Acredito que, tanto no conto quanto na imagem, a figura do professor simboliza o sistema de ensino, do qual ele faz parte e é a parte mais visível. Não se está a responsabilizar o professor, mas essa massificação que o sistema impõe, quando desconsidera as individualidades.
    Quanto ao projeto de lei é uma piada. Com todo o respeito, eu dei uma olhada no PL 267/11 e, por primeiro, ele “chove no molhado” quando dispõe sobre os referidos deveres do aluno (respeitar a autoridade moral e intelectual do professor e blá e blá), sob pena de suspensão, coisa que qualquer regimento interno pode fazer; e, em segundo lugar, encaminhar o infrator à autoridade judiciária? Para quê? É ridículo! O que a autoridade judiciária fará, que não possa ser feito pelo supervisor ou pelo diretor da instituição? Vai multar o aluno ou aplicar-lhe pena alternativa, restritiva de direito? Então, estar-se -á a tratar de infração penal ou ato infracional… Absurdo comparar a gravidade de uma infração disciplinar com a lesividade de um crime, ainda que de pequeno potencial ofensivo, ou com um ato infracional. Impraticável!!! Em nada vai mudar a situação; é uma dessas leis natimortas, que “não pegam”. Parece-me mais um expediente oportunista de véspera de eleição, para angariar votos na comunidade docente, por uma deputada do PP!!! Eu não caio nessa e NÃO APOIO!!!

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    • 16/08/2012 em 08:05
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      Oi Junior,

      Concordo com você em ambas.

      Mas, em relação ao professor, este não pode simbolizar todo o sistema de ensino, conforme eu digo. Se for o caso, deve-se fazer contos e charges com alguém sentado atrás de uma mesa com uma placa escrito “secretária de educação”.

      Abraços,

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  • 25/08/2012 em 15:28
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    Concordo com o Junior e com o Declev. Machado é o sistema todo, mas precisamos olhar com coragem pro tanto que os professores são bonecos tolhidos sim, inclusive em suas visões dos alunos e da Educação, muitas vezes, infelizmente… O fato de estar em sala de aula lidando com o horror da falta de estrutura total para poder fazer um bom trabalho é tão cruel que vai deixando o professor cada vez mais duro, fechado, preconceituoso e reativo a qualquer crítica, seja ela construtiva ou não. Existem os professores que chegam idealistas e acabam aprisionados, assim como existem os que já chegam aprisionando, sem ter consciência do alcance de seus atos. Não dá pra tapar o sol com a peneira. Sempre defendo os professores, sou pedagoga e também já dei muita aula, mas sou crítica em relação a tudo isso, pois nem todos os professores são vítimas ou vilões, assim como nem todos os alunos e por aí vai. É uma questão política, maior, social, mas é também uma questão de melhor formação dos profissionais de Educação sim, na minha opinião. Uma coisa não exclui a outra. A responsabilidade maior é dos poderosos, do sistema político, mas uma parte é dos profissionais de Educação sim, incluindo aí os professores, infelizmente…

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