Projeto proposto por gustavo ioschpe, empresário que pensa que entende de educação, quer dar “visibilidade” à nota do Ideb nas escolas

Realmente, a artilharia dos falsos educadores tá cada vez maior [agora qualquer um é educador, professor…].

O pior de tudo é que não tem jeito, quanto mais se gasta verborragia e verba com as ideias mirabolantes de quem não está DENTRO da escola – ao invés de se investir no que deve ser investido de fato – pior a educação vai ficar…

A ideia maravilhosa do empresário milionário que finge entender de educação é a seguinte:

tornar obrigatório que as escolas divulguem, no portão de entrada ou em local de ampla visibilidade, placa com os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb.

Eu poderia fazer dezenas de considerações por aqui, mas muitos já fizeram.

Vejam lucidez na mesma matéria:

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Franklin de Leão, argumenta que as escolas vivem realidades distintas: de localização, público atendido, recursos humanos e infraestrutura. Os problemas, segundo ele, incluem a falta de professores e, até mesmo, de energia elétrica, água e banheiros – os três últimos, especialmente nas zonas rurais.

– Não é possível que insistam na tese de fazer competição entre escolas, numa coisa tão sensível que envolve gente e autoestima. Isso é proposta de quem quer melhorar a educação sem mergulhar nos problemas reais. Vão cobrar de quem? Dos professores? Tem que cobrar dos governos municipal, estadual e federal – afirma Leão.

Veja também este artigo, apesar do autor ser ingênuo o bastante para achar que o autor da ideia teve “boa intenção”.

De boa intenção, o inferno está cheio de empresários e especialistas em educação…

E eu tenho minhas opiniões sobre o Ideb e esses sistemas de avaliação que não levam em conta nada além de notas de português e matemática e aprovação/reprovação.

Leia, por exemplo, esses três dois artigos com meus argumentos, para não repeti-los aqui:

E o que será que esse senhor quer fazer? Competição entre as escolas?? Com todas as desigualdades entre elas??? Acha que os alunos não se sentirão minimizados, inferiorizados???? E por acaso acha que baixar auto-estima de aluno vai fazê-los melhorar nos estudos?????

Ah, não, ele acha que a culpa toda da nota baixa vai recair somente sobre os professores… Essa sua intenção.

Mas veja o que uma diretora disse como razão da qualidade de sua escola:

Bom, dito isso, agora posso afirmar:

Eu A-DO-REI a ideia do pseudo-especialista em educação!

Só que temos que adaptá-la para nossa necessidade de educar o cidadão crítico, político, inteligente.

Então, minha adaptação é a seguinte:

Toda escola tem que manter em lugar de ampla visibilidade (no portão da escola, no mural mais acessível a todos), informações sobre:

  • Os políticos locais (ex.: prefeito, vereadores);
  • Os secretários locais (especialmente o de educação, mas também o de assistência social, cultura, esportes, administração, planejamento, etc.);
  • Os principais políticos de expressão nacional (presidente, deputados e senadores);
  • Os principais economistas (ôpa!), empresários (ôpa!);
  • Outros parasitas, desculpem, cidadãos deste porte e sua atuação na sociedade.

Assim, por exemplo, podemos fazer placas/cartazes individuais de acordo com a expressividade e atuação do cidadão, ou podemos fazer placas/cartazes coletivas.

Os cartazes individuais são para aqueles que são mais da localidade referente à escola ou aqueles que têm relação direta com a educação, através de leis, votações, etc.

Vamos dar alguns exemplos.

Um dos compradores da ideia do empresário e “especialista” em educação é o deputado Ronaldo Caiado, que apresentou projeto de lei neste sentido.

Então, podemos fazer para ele uma grande placa a ser afixada em todas as escolas:

 

RONALDO CAIADO

Deputado Federal por Goiás

Tem como principais bandeiras a defesa da agricultura e pecuária.

É a favor da mudança do código florestal, que, segundo ele ““É a carta de alforria do produtor rural”.

Tem um primo que tem uma fazenda onde foram encontrados 26 trabalhadores em condições de “trabalho degradante” (quase escravo)

Foi acusado pela Procuradoria Eleitoral de ser responsável pela captação e uso ilícitos de recursos durante a campanha eleitoral de 2006. O Ministério Público Eleitoral em Goiás (MPE-GO) pediu sua cassação à época.

 

Outro que merece sua placa individual é o próprio especialista em educação já que ele vem aparecendo bastante [sendo empresário da mídia, é fácil, né?] como “especialista” em educação:

 

GUSTAVO IOSCHPE

Economista e Empresário

É filho de grande empresário.

Sempre foi milionário.

É contra aumento de salário para professor, porque acha que professor já ganha muito.

 

Alguém tem mais ideias de placas/cartazes a serem fixados nas escolas?

Manda nos comentários, vamos fazer uma coleção!

Abraços,

Declev Reynier Dib-Ferreira
Construtor de placas

Declev Dib-Ferreira

Declev Reynier Dib-Ferreira sou eu, professor, biólogo, educador ambiental, especialista em EA pela UERJ, mestre em Ciência Ambiental pela UFF, doutorando em Meio Ambiente pela UERJ. Atuo como professor na rede municipal de educação do Rio de Janeiro e também na Fundação Municipal de Educação de Niterói (FME), no Núcleo de Educação Ambiental (NEA). Sou coordenador de educação da OSCIP Instituto Baía de Guanabara (IBG) e membro/facilitador da Rede de Educação Ambiental do Rio de Janeiro (REARJ)... ufa! Fiz este blog para divulgar minhas idéias, e achei que seria um bom espaço para aqueles que quisessem fazer o mesmo, dentro das temáticas educação, educação ambiental e meio ambiente. Fiz outro blog, com textos literários (http://hebdomadario.com), no qual abro o mesmo espaço. Divirtam-se.

12 thoughts on “Projeto proposto por gustavo ioschpe, empresário que pensa que entende de educação, quer dar “visibilidade” à nota do Ideb nas escolas

  • 20/08/2011 em 00:50
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    Porra!Eu pensava que era o único professor que detestava esse sujeitinho!Eu lia as colunas dele na “Veja”,ou melhor,”Óia”e ficava roxo de raiva (mulatos ficam “roxos”?)e de mau-humor o resto do dia e agora vem você me dizer que o cara é milionário!Estou roxo e de mau-humor até o final deste século!
    Abraço,Declev.

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    • 20/08/2011 em 12:04
      Permalink

      Oi Valter,

      Não sei como você tem estômago pra ler a coluna dele…

      Nem pra ler veja… rs.

      Ele é milionário, o pai era um grande empresário, ele seguiu o caminho.

      E finge entender de educação pq fez uma especialização de “economia da educação”.

      Sem comentários.

      Resposta
  • Pingback: Culpar os professores é fácil... assim como culpar o gari pela sujeira das ruas ou os médicos pela falência da saúde pública | Diário do Professor

  • Pingback: A vanguarda do atraso: qualidade da educação baseada em avaliações e índices oficiais | Diário do Professor

  • 18/09/2011 em 09:01
    Permalink

    Sou mae de 3 alunos de escola pública, participo de APM e de Conselho de Escola e por isso gostaria de dar a minha visão não como entendida no assunto mas como usuária do sistema.
    Eu gostaria que houvesse bem claro essa informação do IDEB na porta da escola, mas que inclusive colocasse também as notas do IDEB da cidade e do estado, pois com esse tipo de informação é possível começar a discutir o assunto onde o que a escola pode estar melhorando, o que os pais podem estar fazendo para melhorar .
    Pois o fato hoje que eu vejo é que há o erro sim de professores como também a o erro do poder público, e muito mais grave o erro vindo da familia que delega a escola a educação integral do
    seu filho.
    Não entendo o IDEB como fator para competição mas como fator para avaliação.
    E desculpe mas acho muito preconceituoso denegrir a opinião de alguém por ele ser “milionário”. É a mesma coisa que eu desqualificar uma opinião de um bóia-fria. Desqualifique a idéia, argumentando fatos, mas não a condição sócio-econômica de alguém.
    Fico muito chateada pois para mim o professor deve ser o primeiro na sociedade a combater qualquer tipo de preconceito.

    Resposta
  • 19/09/2011 em 00:35
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    Valter! Ri muito com o “Óia” (rsrs). Adoro vir neste blog e ver quantas pessoas compartilham das mesmas ideias. Dá até um certo alívio. Eu também tenho quase uma urticária quando vejo esse sujeito na TV. Eu acho que ele paga pra aparecer (e só ele aparecer e ter o direito de falar sobre educação na mídia). Agora que li que ele é milionário, esse meu acho está mais forte…

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  • 19/09/2011 em 00:47
    Permalink

    Caro Declev, tenho uma sugestão de placa.

    GOVERNO DE SANTA CATARINA
    GOVERNADOR: RAIMUNDO COLOMBO
    Nesta escola os alunos tem material escolar e
    uniformes gratuitos.
    Mas não tem papel higiênico suficiente.

    A merenda escolar que custava cerca de 90 milhões
    ao Estado agora custa 140 milhões (quando tem
    bolacha é a de água e sal, tem dia que o lanche é
    1 banana e meia caneca de mingau de chocolate …
    140 milhões! Qualidade!).

    Este governo cumpre a lei do piso salarial, tirando
    outros direitos que os professores já tinham.

    Ficou meio comprida, mas podia ficar maior.

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  • 20/09/2011 em 16:11
    Permalink

    Oi Declev

    A pergunta direta que eu faria ao Sr. Ioschpe é: sendo economista se ele pode me responder se é possível um professor ter qualidade de vida e logo satisfação com esse salário?
    Também sou economista, e sei que um país que não valoriza o seu professor, engenheiro e cientista não terá futuro.
    Mas, respondendo a sua pergunta, não, meus filhos estudam numa escola pública na cidade de Caraguatatuba/SP .

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    • 20/09/2011 em 17:57
      Permalink

      Oi Patrícia,

      É só você ler o que ele escreve que você tem sua resposta:

      “a partir da década de 90, ocorreu um aumento substancial de salário nas regiões mais pobres do país através do Fundef”

      Eu pergunto: “aumento substancial” de quanto, cara pálida?

      Para ele, “uma duplicação ou triplicação do salário dos professores brasileiros é simplesmente inexequível, dada a realidade fiscal brasileira”.

      Ou seja, professor tem que continuar ganhando pouco mesmo… mas isso não vale para ele e seus colegas empresários que a todo momento têm novas isenções de impostos e benesses afins dos governos.

      Então, para ele é certo que o professor não tem que ganhar mais.

      Veja:

      “Centenas de estudos, feitos ao longo de décadas, indicam que existem muitos caminhos baratos ou gratuitos para melhorar a aprendizagem das nossas crianças” (…) ” vamos começar com as soluções baratas e simples”.

      Só que “soluções baratas e simples” não adiantam.

      Gastar rios milionários de dinheiro com projetos que em nada ajudam a educação, idem.

      Mas para aumentar o salário dos professores não tem dinheiro.

      É esse o sujeito que eu tenho que respeitar?

      Não dá.

      Abraços,

      Resposta

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