Violência policial e a bestialidade humana

Tenho um plano para diminuir a violência no Rio de Janeiro: proibir policiais de usarem armas!!

Não seria mais seguro?

Se um médico não sabe operar, não se dá o bisturi nas mãos dele;

Se um engenheiro não sabe calcular, não será pago para construir um prédio;

Se um advogado não sabe argumentar, não pegará um caso;

Se um professor não sabe ensinar, não devia estar em uma sala de aula;

Se um pintor não sabe pintar…

Etc.

Etc.

Etc.

Mas à polícia despreparada coloca-se uma arma na mão e diz-se: “vai caçar bandidos!”. Bandidos para eles é a sociedade inteira, com exceção, talvez, das respectivas mães.

Deviam soltá-los em Brasília, no Congresso e em outros prédios! (será que teria munição suficente?).

Então é isso. Coloca-se uns cassetetes nas mãos dos policiais e uns aparelhos de choques. Iria ter muita gente com roxo na pele e tremendo, mas menos gente sendo morta.

Ou pode-se dar também, pelo menos por uns dois anos, como treinamento, aquelas armas com bolinhas de tinta… aí poderíamos ver com mais clareza pra onde estão indo as balas.

Fiz este miniconto abaixo há uns bons anos. Pelo jeito, tudo continua como dantes.

(in)Segurança – Curto e grosso

Ei cara, tô com medo!
– O que é isso amigo? Não precisa ter medo!
– Sei lá… essa rua tá tão deserta…
– Não tem perigo não, sempre tem polícia passando por aqui.
– Hiiiii…
– Tá devendo é?!?
– Eu não! Tô limpo, nunca roubei, nunca trafiquei, não sou colarinho branco, tenho casa, família e trabalho e ainda freqüento a igreja!
– Eu sei, eu sei, eu te conheço… e você sabe que também sou assim, por isso não devemos ter medo. Vamos?

E eles foram por aquela rua escura e deserta, temendo topar com algum assaltante ou animal do gênero.

– Olha lá! Eu não disse?! Vêm vindo dois policiais; não disse que era seguro?
EI, VOCÊS AÍ; QUIETOS!!!
– …

“Encontrados dois corpos ontem de madrugada cobertos de balas. A polícia desconfia de tentativa de assalto ou guerra de traficantes ou queima de arquivo ou balas perdidas ou suicídio…”

Declev Dib-Ferreira

Declev Reynier Dib-Ferreira sou eu, professor, biólogo, educador ambiental, especialista em EA pela UERJ, mestre em Ciência Ambiental pela UFF, doutorando em Meio Ambiente pela UERJ. Atuo como professor na rede municipal de educação do Rio de Janeiro e também na Fundação Municipal de Educação de Niterói (FME), no Núcleo de Educação Ambiental (NEA). Sou coordenador de educação da OSCIP Instituto Baía de Guanabara (IBG) e membro/facilitador da Rede de Educação Ambiental do Rio de Janeiro (REARJ)... ufa! Fiz este blog para divulgar minhas idéias, e achei que seria um bom espaço para aqueles que quisessem fazer o mesmo, dentro das temáticas educação, educação ambiental e meio ambiente. Fiz outro blog, com textos literários (http://hebdomadario.com), no qual abro o mesmo espaço. Divirtam-se.

4 thoughts on “Violência policial e a bestialidade humana

  • 17/07/2008 em 13:30
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    Olá, Professor Declev! Mais uma vez você acertou no alvo, foi no ponto preciso… Adorei ! A parte de largar os policiais em Brasilia foi o máximo. O problema é que teríamos que acionar a saúde pública depois para a limpeza ! rsrsrsrsrsrs Abraços

  • 17/07/2008 em 22:15
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    Agradeça aos “sábios” governantes civis que, em pleno “estado de direito”, armam uma polícia metropolitana com armas de guerra de extrema letalidade (um tiro de FAL mata a 3 km de distância) e, não contentes com botar esses “brinquedinhos perigosos” na mão de pessoal mal-pago, mal-instruído, mal-comandado, não tem a mínima preocupação em adestrar esses policiais para o uso desse armamento.

    Agradeça, igualmente, ao bando de bundas-moles que foram promovidos ao generalato nas forças armadas e concordaram com essa idiotice.

    Agradeça às comadres histéricas (de ambos os sexos) que, a cada onda de assaltos, saem gritando pela intervenção dos militares (nas favelas, é claro… lá, pode dar tiro de canhão e esburacar as ruas com lagartas de tanque… em “bairro chique”, não precisa disso: tem “segurança particular” que até ajuda a carregar as compras…)

    Agradeça – e muito! – ao falecido Engenheiro Leonel que proibiu as polícias de entrar nas favelas durante seus governos (nada a estranhar, quando se sabe que o grande ídolo dele era Hitler… provavelmente ele pensava em recrutar suas “SS Morenas” no mesmo lumpen proletariat de seu ídolo germânico).

    E não se esqueça de agradecer, igualmente, aos nossos “heróis da resistência” que ensinaram aos bandidos pé-de-chinelo as vantagens da organização em células, das táticas de guerrilha urbana e da criação de “zonas liberadas”.

    Ah!… Sim… E não esqueça de agradecer aos “bacanas” que financiam isso tudo, os “rebeldes sem causa” que compram as drogas ilegais; e os “defensores da moral” que mantém as drogas na ilegalidade (Al Capone só foi quem foi, por causa da “Lei Seca”, mas quem é que estuda história?…)

  • 06/08/2008 em 00:36
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    Oi João, oi Andrea,

    Faço minhas as palavras da Andrea para o João… você também vai sempre no ponto.

    Abraços.

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