Docência profissão frustração

Desculpe o desabafo, mas é muito frustrante dar aulas. Se acaso há migalhas de recompensas, na maioria das vezes é frustrante.

Parece que fazemos algo diariamente para não ver resultados.

Acho que um profissional enxugador de gelo vê mais resultados em seu trabalho.

Na docência você trabalha, trabalha, trabalha… fala, ensina, promove, diz, mostra, encaminha, dita, proclama, dá, oferece, puxa a orelha, manda, grita, conversa mas parece que nada adianta. Aliás, nada adianta realmente, se o seu interlocutor, o docente, não quiser.

E, meus amigues, o que os alunes menos querem hoje em dia, é aprender!

Aprender pra quê? Ou, antes, o que é aprender? Pra que serve?

Hoje na escola em que eu sofro trabalho, mais um dia sui generismente igual: sumiu a chave da sala de informática da mesa da cordenadora quando estavam lá alguns alunos.

E algo parecido na minha sala de ciências. Estava eu com uma turma. Pra variar, esta turma – relativamente pequena, entre 25 e 30 pessoas – tem um grupo que nada quer. O fato de nada querer não é o problema em si. O problema é que os que nada querem não deixam aqueles que querem quererem. Entenderam? Pois é.

Os fulanos do grupo dos nada querem sentam, sem camisa de uniforme, com bonés, ouvindo música e com a mochila nas costas. E assim ficam, de bonés, sem camisa da escola, ouvindo música e com a mochila nas costas a aula inteira. O que fazem de diferente é que nem sempre estão sentados. Estão em pé, andando de um lado para o outro, mexendo em tudo, tacando giz, bolinhas de papel ou outros objetos nos outros, mexendo nas mochilas dos colegas, roubando borrachas, canetas ou lápis…

Ou dou aula ou tomo conta deles.

Percebo, em determinado momento, que faltam certos livros, daqueles didáticos interativos, com figuras em 3 dimensões, cheio de brequetis, grossos, estilo caixa, não sei descrever.

Vou na certa. Peço para os fulanos que nada querem pegarem os cadernos dentro das mochilas, pois eu queria vê-los. Uns pegam. Um determinado esconde a abertura da mesma, para que eu não veja seu interior. Fico de frente. Ele pára. “Pega o caderno”, digo. Ele dá a mochila pra outro, dizendo que não é dele (e de fato não era). O dono da mochila a abre e leva um susto com dois livros lá dentro. Certamente colocado pelo “amigo”.

Destino os 4 da mesa: diretoria. “Mas não fui eu, professor, não sou ladrão”, diz um. E de fato sei que não foi ele. Mas não poderia eu acusar ninguém, nem mesmo o dono da mochila; então, todos.

Tenho escrito em letras grandes acima do quadro duas frases: “Quem anda com porcos come lavagem” e “Diga-me com quem andas que te direi quem és”. Em casos assim, como já contei aqui, àqueles que reclamam simplesmente aponto para lá.

Sobre esse menino que disse que não foi ele, eu já o havia avisado, no início do ano, várias vezes, para que não andasse com esses outros. Precisei lembrá-lo das minhas advertências. “Você lembra?”. “Lembro”.

Desceram os quatro.

Desdobramentos? Não sei. A mãe foi chamada, mas adiantará?

Dou aulas a quem quer, ou tomo conta dos que não querem?

Declev Dib-Ferreira

Declev Reynier Dib-Ferreira sou eu, professor, biólogo, educador ambiental, especialista em EA pela UERJ, mestre em Ciência Ambiental pela UFF, doutorando em Meio Ambiente pela UERJ. Atuo como professor na rede municipal de educação do Rio de Janeiro e também na Fundação Municipal de Educação de Niterói (FME), no Núcleo de Educação Ambiental (NEA). Sou coordenador de educação da OSCIP Instituto Baía de Guanabara (IBG) e membro/facilitador da Rede de Educação Ambiental do Rio de Janeiro (REARJ)... ufa! Fiz este blog para divulgar minhas idéias, e achei que seria um bom espaço para aqueles que quisessem fazer o mesmo, dentro das temáticas educação, educação ambiental e meio ambiente. Fiz outro blog, com textos literários (http://hebdomadario.com), no qual abro o mesmo espaço. Divirtam-se.

24 thoughts on “Docência profissão frustração

  • Pingback: Declev via Rec6

  • 27/05/2008 em 00:42
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    Em nome do que, Declev, você se sente obrigado a sequer tentar ensinar a quem não quer aprender?…

    Outro dia, mesmo, te mandei um email falando da malcriação que meu neto aprontou no colégio… Sabe qual foi o desdobramento?… Confrontado com a realidade de nem a um trabalho de lixeiro poder se candidatar, no futuro, ele percebeu que “tinha ido longe demais” e no dia de aula seguinte, fez a prova de História e obteve uma nota dez…

    Foi uma quarta-feira – feriado – toda de sermão e “papo-chato”, sobre o que é “dever”, “responsabilidade” e – fundamentalmente – “de onde vem o dinheiro que paga a comida que você come e os brinquedos que você tem”. Direto-e-reto, em linguagem bem clara, sem rodeios e sem preocupações com “psicologismos” sobre mostrar os fatos da vida para uma criança.

    É para isso que a família serve! Eu não vou nem perguntar que tipo de família seus “não-estou-nem-aí” têm… Quando você (retoricamente) pergunta: «Desdobramentos? Não sei. A mãe foi chamada, mas adiantará?»; você deixa implícita a resposta…

    O “engraçado” é que se importam tanto em propalar que as escolas têm que estar preparadas para atender alunos com “necessidades especiais”, mas essas “necessidades especiais” parecem restritas a deficiências físicas ou mentais… Quando a coisa chega ao nível social e emocional, “o buraco é mais embaixo”…

    Fique frio, mestre… “Supletivo” está aí mesmo para garantir um “Certificado” para os futuros garis…

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  • 28/05/2008 em 12:19
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    É isso aí! Dá vontade de largar… Família? O professor é babá de adolescente! Infelizmente os profissionais sérios, como você, não são respeitados e valorizados. Desanime sim, porque é uma merda mesmo! Nós tentamos puxar “pra cima”, mas a hipocrisia, o descaso e a omissão reinam. Essa é a nossa sociedade em termos de educação. Falar é fácil, mas só quem está lá todo dia sabe como é, e quase ninguém quer ficar. Afinal, quanto vale o professor? Eu estou com prazo de validade. Mantenho os blogs, mas, no fundo, são exercícios de solidão.

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  • 28/05/2008 em 23:31
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    Pois é cares amigues… Fico me perguntando qual é o meu prazo de validade. Disse, no início da carreira, que não iria ficar como professor muito tempo… e lá se vão dez anos.

    Caro João, estou em falta contigo. Não respondi aquele seu email, mas pensei muito sobre ele. Na verdade sabia no que ia dar: ele não demoraria a se desmentir.

    É isso. Quando há pessoas em torno, quando há conversas, estímulos, aberturas de visão de mundo, etc. (família, pois bem!), é natural o interesse. É natural.

    Existem aqueles que não querem no seio destas famílas? Sim, mas não querem até quando? Não querem quanto tempo? Não querem até que prazo de validade?

    É temporário, como foi com seu neto. Porque ao redor dele é o contrário do que ele queria pra si.

    Como digo lá em cima: “diga-me com quem andas…” e “quem anda com porcos…”.

    Mas voltando à sua pergunta inicial, João, eu não me sinto obrigado a ensinar a quem não quer. O problema é que SOMOS OBRIGADOS a aturá-los.

    E esta obrigação não nos deixa sequer ensinar a quem quer! Pois é uma coisa ou outra.

    Aí todos (que NÃO estão em sala, como Rogério falou) vêm com aqueles papos pedagogês de incentivo, aulas diferenciadas, captar o que o o aluno quer, blá blá blá…

    Mas em verdade em verdade vos digo: NADA adianta com alguns! E são estes alguns que minam todo seu trabalho.
    E quando digo nada, é que já tentei de tudo: experiências, aulas práticas, desenhos, recortes, pesquisas, filmes, maquetes, trabalhos em grupo, cópias, exercícios, etc.

    Tem uma hora, meus amigues, que cansa. Aí mesmo que eles queiram, quem não quer mais tentar sou eu!

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  • 29/05/2008 em 00:31
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    Como dizia o sábio, “na prática, a teoria é outra…”

    O mais chato é que ambos têm razão e, ao mesmo tempo, não… O “teórico” tem razão em dizer que sempre há um modo de “atrair a atenção” de uma criança para o estudo (afinal, se consegue resultados positivos com autistas…); mas o profissional “carregador de piano” não tem nem os meios, nem o tempo necessários para realizar um profundo estudo do perfil psicológico desses “nem-aí”. Já é trabalho que chegue ensinar a quem quer, mas tem dificuldades. Principalmente com a absoluta falta de infraestrutura de apoio.

    O que eu queria dizer é que há situações em que, confrontado com um “nó gordio”, a única solução é a de Alexandre: meter a espada!… Por “politicamente incorreto” que isso possa ser, põe para fora da sala! Isso é “legítima defesa de terceiros”: com isso dá para “livrar a cara” até de homicídio…

    Pombas!… Aboliram os “Regulamentos disciplinares?”…

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  • 29/05/2008 em 14:25
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    Numa escola pública, um aluno pode pichar a parede, quebrar a mesa, sumir com seu livro didático, rabiscar o uniforme, sair no tapa com colegas, chutar portas, entrar sem pedir licença, atirar coisas nos outros, gritar no corredor, dentro de sala, jogar o lixo pela janela, xingar qualquer um, bagunçar tudo, acabar com a aula, tirar o professor do sério, depredar a escola, fazer guerra de comida, botar o pau pra fora, gargalhar na sua cara, etc, etc e etc. O professor enfrenta tudo isso sem poder falar um palavrão, pegar uma criança pelo braço, e é um stress atrás do outro, do outro, do outro. Como disse o Declev, ele é pago para aturar, porque no final não vai acontecer nada demais com esses alunos. Numa escola particular, isso não acotece, porque como ela é paga, o direito ao apredizado é garantido, ou se perde a clientela. Infelizmente, a educação pública é para TODOS. Os alunos não aprendem nada, não sabem nada, não querem se esforçar. Quem quer, não tem condição. Os pais, em geral, ou pedem ajuda à escola ou botam a culpa nela. O pedabobo ou psicólogo, em geral, vai dizer que o aluno deve continuar assistindo as aulas na sala, que uma punição severa pode fazê-lo sentir-se excluído, traumatizá-lo, e blá, blá, blá… enfim, poderia escrever muita coisa, citar exemplos, mas basta dizer o seguinte: a educação pública já é um caos e caminha para um cataclisma (ou o que existe embaixo do fundo do poço). Quem vai estar lá para ver?

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  • 04/01/2009 em 11:22
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    Olha, foi com essa mesma experiência que larguei a sala de aula e hoje cuido de computadores e redes, e estou muito feliz 🙂
    ex-professor de física da rede estadual.

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    • 04/01/2009 em 17:02
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      É Marcello,

      Tenho certeza de que tem muitos querendo seguir este caminho, de sair de sala de aula.

      É uma pena, realmente.

      E confesso que eu, toda vez que vou a escola, tenho este sentimento…

      Abraços.

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  • 09/06/2009 em 20:14
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    realmente nos últimos anos a educação declinou, a partir da , progressão continuada jamais os alunos tiveram condições de se reabilitarem, viraram verdadeiros dementes e nós educadores meros persosagens dessa trama.
    O número de readaptados aumentam vertiginosamente a cada ano e isso é reflexo das péssimas condições de trabalho e os baixos salários , porque qual é o professor da rede pública que pode bancar um tratamento fonoaudiológico.

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  • 14/06/2009 em 11:39
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    Gosto de seus desabafos pq são autênticos e não são mascarados. Muitas vezes gostaria de partilhar meus “traumas” com outros colegas professores na escola que leciono, mas eles simplesmente reagem como seu o mundo deles fosse diferente.

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    • 20/04/2010 em 20:26
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      Oi Lídia,

      Acho que sim, agravada por uma série de problemas pessoais.

      Mas essa fase já passou…

      Abraços,

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  • 17/07/2010 em 16:15
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    É a educação está realmente um caos…
    Pensei que que só eu tivesse problemas… você ensina, eles fingem que aprendem, e assim vai…
    Daqui a um breve tempo, não terá mais professores, pois os novatos querem sair e os veteranos estão só esperando aposentadoria…
    JÁ PASSOU DA HORA DO BRASIL ABRIR O OLHO.
    O PROFESSOR TEM QUE VOLTAR A TER AUTORIDADE EM SUAS AULAS.

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  • 19/07/2010 em 13:06
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    Adorei este post. Apesar de não ser docente, quis registrar meu comentário.
    Sou formada em Direito, mas um dos meus grandes sonhos sempre foi dar aulas.
    E mesmo com este cenário caótico no qual se encontra a educação brasileira, eu ainda não desisti hehe.
    Ao contrário de muitos jovens nesse Brasilzão aí fora, tive sorte de estudar em escolas particulares.
    Sei como a educação pública no nosso País está terrível, tenho amigos que são professores e eles me contam as mesmas agruras que foram narradas aqui.
    Concordo com o comentário da Marina (logo acima): o professor tem que voltar a ter autoridade em suas aulas?
    Mas como fazer isso?

    Abraços

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  • 07/10/2010 em 13:03
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    Olá,sou coordenadora pedagógica de uma escola publica em minha cidade (estou nesta escola a pouco tempo); vejo este cenário diariamente e a cada dia tenho mais certeza de que é esta profissao que quero seguir. Acredito que a educação se dá pela forma que a encaramos, e infelizmente os ”educadores” de hoje olham para seus alunos encarando-os como “burros, sem futuro, ladraozinho, pilantra,…” entao o que podemos esperar? nao posso querer que o outro mude se eu nao mudar primeiro! é necessario mudar a nossa concepção de educação, nossos alunos estao se acostumando a serem tratados como lixo, a base de “PATADAS”. como querer explicar a trignometria, as captanias hereditarias, tabela periódica,… se eles muitas vezes estao com a barriga doendo de fome, envolvidos com drogas, brigas em casa, ameaçados por outros “colegas” e etc??? é facil culpa o outro né? dizer “”ele nao quer nada!!!” mas porque nao olhar pra dentro e dizer “onde EU estou errando?” sabe onde esta o problema? no nosso comodismo, e muito mais facil nao se importar, ignorar, nos conformar diante desse “sistema”, que nunca prorizou a educação, simplesmente porque nunca interessou a formação de cidadaos criticos, que questionam sua realidade. E ao invés de profissionais interessados em transformar essa realidade, o que encontramos é pessoas que permanecem mudas diante de tudo sustentando esse caos que esta o nosso país no ambito político, economico e social.

    Agora, se não esta interessado em transformar a realidade e lutar por algo melho……..MUDE DE PROFISSAO!!!!!!!!!

    um abraço!

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    • 08/10/2010 em 16:26
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      Oi Manuella,
      Concordo em parte com você, mas seu texto incorre em alguns equívocos.
      Em primeiro lugar, é bom que você esteja com este sentimento de querer fazer algo. E já que você está há pouco tempo, como você disse, espero que este sentimento perdure. Mas não se esqueça que as pessoas mudam, se cansam, se desgastam, ficam doentes… água mole em pedra dura… cuidado com o que fala pra não se arrepender depois. Tenha calma em seus julgamentos.
      De qualquer forma, você é coordenadora pedagógica, não está em sala de aula. Posso te dizer que muito diferente. Faz toda a diferença. Toda. Se você acha que não faz, por favor, faça um teste: substitua uma professor durante um mês.
      Por outro lado, sim, nossos alunos estão realmente se acostumando a serem tratados como lixo, a base de “PATADAS”… mas não pelos professores!!!
      Este é justamente o discurso de quem está fora de sala de aula, culpabilizando os professores pelo fracasso da educação. Discurso de políticos, de secretários, de uma parcela dos responsáveis, de uma parcela dos coordenadores pedagógicos…
      Um discurso ingênuo e ao mesmo tempo cruel.
      É claro que tem muito professor ruim, mas, como eu já falei por aqui (veja este artigo: http://diariodoprofessor.com/2010/07/07/brasil-foi-mal-no-ideb-mas-por-acaso-o-brasil-vai-bem-em-algo/) TUDO está ruim e em todos todos todos os setores há bons e maus profissionais.
      E somos nós, não se iluda, somos justamente nós, professores, que estamos em sala, que tratamos diretamente com os alunos, brigando e discutindo sim, mas também afagando, ajudando, ensinando, obrigando a estudar, tentando educar.
      É muito fácil falar de fora, muito fácil.
      E, pra terminar, nossos alunos têm a violência em suas vidas FORA DA ESCOLA. Vejo diariamente alunos apanhando, morrendo, vivendo em tiroteios, maltratados por bandidos, por policiais, por toda a situação social de merda em que eles vivem.
      Achar que os professores são culpa disso, é, se não for maldade, muita ingenuidade.
      Nós somos também vítima.
      E, por favor, me escreva quando tiver uns 15 anos de SALA DE AULA.
      Abraços,
      Declev Reynier Dib-Ferreira

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  • 02/12/2010 em 07:40
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    Bom, depois de ler o comentário da ManoellA resolvi me manifestar, acompanho estas dicussões a algum tempo e parabenizo o Declev pela coragem de dizer a verdade. Cara ManoellA, de fato você desconhece os fatos, ser professor é estar no corpo a corpo com os alunos e sua atividade neste momento segundo a coordenadora pedagógica da escola que trabalho deve ser 80% administrativa e 20% ser humano então realmente fica MUITO fácil falar de amor a profissão e etc… todas estas baboseiras que que vocês orientadores leêm e reproduzem aos nossos ouvidos já esgotados com tanta falta de respeito e consideração. Como disse nosso amigo Declev: Encare uma sala de aula pelo menos 3 anos e volte a nos escrever. Vamos ver o que você terá para dizer em relação a sua ferramenta de trabalho (alunos) e a sua equipe de apoio ( coordenadores pedagógicos e diretores). Boa sorte e até lá!

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  • 03/12/2010 em 09:17
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    Oi Sonia,

    Não precisamos dar 3 anos… acho que bastam uns poucos meses dentro de sala.

    Mas dentro de sala.

    Abraços,

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  • 17/03/2011 em 08:13
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    Pessoal , o professor esta com plena razão,e o problema reforço esta nos berços do lar,os pais querem ter filhos ,planejados ou não ,mas a postura defenciva dos pis quando um professor reclama de uma malcriação de aluno é de um galo de briga ,,,bons eram os tempos em que o professor fazia os alunos cantarem o hino nacional toda sexta feira com a mão direita no peito e o aluno tinha medo do diretor e as palmadas caseiras de infancia faziam efeito, a escola tem que ser obrigação do aluno. Aindadefendo o direito de provas onde o aluno da escola tira a nota ou reprova não este ensino mecdonalizado onde o professor tenta ensinar uns e é o brigado a passar o tempo cuidando dos outros ,,,CAro professor sugiro aplicar provas dificeis baseadas no conteudo e reprovar os alunos que não tirarem a nota ….e se a instituição não concordar ,,,ela perdeu um professor mas o mundo ganhou uma pessoa com honra e ética profissional

    Resposta
    • 17/03/2011 em 11:19
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      Oi Antonio,

      Já fiz algo parecido. Tinha [ainda tenho] uma tabela onde anoto tudo do aluno: comportamento, participação, trabalhos realizados, etc]. Grande parte não fazia nada [ainda não faz].

      Propunha 10 trabalhos, não faziam.

      Eu reprovava 70% da turma, se preciso. Fui, inclusive, chamado “pra conversar” sobre isso.

      Descobri depois que não adianta.

      Hoje não reprovo alunos, pois a escola [tradicional] não é feita para alunos [“normais”, de comunidade, carentes] aprenderem.

      E eu não sou super-homem da educação. Ninguém é.

      A culpa não é do professor [e não se pode culpabilizá-los e puni-los] nem do aluno [e não se pode culpabilizá-los e puni-los]. É do “sistema”. E não querem mudar, de verdade, o sistema.

      Ministro minhas aulas da melhor maneira possível, tentando fazer com que todos saibam o mínimo, tentando incentivá-los ao estudo.

      Quem foi, foi. Quem não foi, irá um dia.

      Abraços,

      Resposta
  • 26/09/2011 em 13:59
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    Muitas coisas ditas parecem extremamente relevantes para os profissionais da educação, mas gostaria de opinar sobre alguns pontos apenas.

    1) igualdade ficta: mais do que a aprovação automática, a meta de universalização do ensino básico parece canhestra, se não acompanhada por políticas que promovam a maior igualdade material entre os estudantes, que os capacite a acompanhar o ritmo e o conteúdo da escola. É realmente frustrante tentar ensinar números complexos para quem chega ao final do ensino médio sem conhecer bem os números naturais, ou análise de causa e efeito sobre fatos históricos para quem não domina ainda a leitura dos textos do ensino fundamental. Acho que a escola deveria ser para quem quer, mas me sinto incapaz de propor algo assim, para uma população facilmente manipulável e que tomaria tal medida como um insulto, além de representar um risco para as famílias, de terem que assumir a responsabilidade pela Educação dos filhos. Também me deparo em sala de aula com jovens que demonstram um grande esforço para aprender, embora não dominem os conteúdos anteriores à série que estão cursando.

    2) Se a escolha social é que o ensino seja universal, a qualidade tem que ser boa, mas as estruturas administrativas dos municípios e dos Estados parecem montadas para que não funcione (pior, tenho o sentimento de que saúde e educação não são tão ruins por acaso). Realmente, não tenho mais paciência de ouvir dizer que não há livros escolares, sabendo que o governo federal repassa recursos para esse fim. E é frustrante quando os alunos demonstram falta de apreço pelos livros, especialmente sabendo o volume de recursos orçamentários para esse fim (este ano, está em torno de 1,28 bilhão de Reais do governo federal para material didático das escolas).

    3) se a vida dos alunos não favorece o aprendizado e a qualidade não é a razoável, uma resposta simples é atribuir a culpa aos profissionais, o que me parece completamente injusto. Não sou professor em tempo integral, mas tenho muito orgulho de ter trabalhado com diversos profissionais em instituições privadas e públicas municipais, estaduais e federais. Além da capacitação necessária para atuação como professores, demonstraram firmeza de ideais digna de um verdadeiro sacerdócio. O que esses profissionais recebem? Alunos sem estímulo para o aprendizado, pais que querem se livrar do “problema” e exigem mais do que a escola é capaz de oferecer, resultados ruins em avaliações nacionais e internacionais. Participei do último concurso para professor do Estado do Rio de Janeiro e este ano inovaram: os professores tiveram todos que fazer perícia médica em Volta Redonda, pagando do próprio bolso as despesas, qualquer que fosse o município de trabalho.

    4) tudo parece favorecer, portanto, a frustração desse profissional e não tenho como consolar muito nesse sentido. Nós somos humanos, não podemos fazer milagres. Mas o pouco que fizermos pode fazer a diferença para muitos desses estudantes. Sinto um grande prazer na área da educação mas, diante desse quadro, o que tenho feito nos últimos anos é ter a profissão como secundária em termos financeiros. Procuro as escolas onde possa fazer algo que me motive e, sempre que possível, atuo em cursos comunitários, em que a motivação dos discentes é bem maior.

    5) na rede pública, tenho a impressão de que o aprendizado seria bem melhor se fossem extintas as estruturas. Não consegui até hoje descobrir para que servem na prática SEEDUC e a SME do Rio de Janeiro. Um exemplo para ilustrar a inutilidade: quando atuei como professor do município, os livros escolares não haviam chegado até julho. Conversei com a direção da escola, que não tinha solução, e registrei a ocorrência na Prefeitura. Solução brilhante: reclamação à direção da minha escola do professor que reclamou.

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  • 08/06/2012 em 22:57
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    EU ESTOU COM 42 ANOS E 20 NO MAGISTÉRIO….GENTE É INACREDITÁVEL O QUE NÓS PASSAMOS EM SALA DE AULA..POR DEUS!ESPERO IR COM 48 PARA APOSENTADORIA..PODE SER INTEGRAL OU NÃO, EU QUERO VIVER….A GRANDE MAIORIA DOS ALUNOS NÃO QUEREM APRENDER..JÁ NEM SEI OS CULPADOS…MAS É INSUPORTÁVEL AGUENTAR GOZAÇÃO..TEIMOSIA..BRIGAS..VOCÊ ESTÁ FALANDO, DAQUI A POUCO ESTÁ DO MESMO JEITO..ESTRESSA QUALQUER PESSOA..SINTO MUITO ATÉ OS GRANDES NOMES DA EDUCAÇÃO NÃO TEM NOÇÃO DO QUE ESTÁ SENDO UMA SALA DE AULA..É MUITO DISCURSO BONITO..VOCÊ DEVE INVESTIR NISSO OU NAQUILO..DÁ LICENÇA…NÓS SOMOS DESRESPEITADOS..AI QUANDO PERDEMOS A PACIENCIA..JA ESTAMOS CONDENADOS..UM ABRAÇO A TODOS

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    • 09/06/2012 em 00:04
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      Oi Rosana,

      Entendo muito bem o seu sentimento.

      Tem que deixar levar sem se estressar, ensinar a quem quiser.

      Quem não quiser, vá levando e deixe-o.

      Abraços,

      Resposta

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