Se nem cópia adianta, é melhor não fazer nada!

Você pode achar e chamar do que quiser o que vou dizer, mas tem turma que simplesmente, não dá pra dar aulas! Não dá pra trabalhar! Tentar fazê-los fazer algo, tentar ensinar algo, tentar um trabalho em grupo, tentar um texto com exercício, tentar uma pesquisa é muito difícil.

O conjunto de seres que se forma pode ser de tal forma que inviabiliza quaisquer tentativas de trabalho minimamente pensante.

Sem discutir as causas de tal fato, o fato é que há.

Nestes casos, sinto muito a humanidade que espera que eu a salve do fim através do meu poder de professor, mas pego um giz e encho o quadro.

Sabe a tevê, usada como babá eletrônica? O quadro cheio é o mesmo.

Numa destas turmas onde não consigo produzir nada, a aluna reclama que “não passo nada no quadro”, que “não tem matéria nenhuma no caderno” e por isso não vem a minha aula. Balela, claro. E realmente, ela tem mais de 50% de faltas.

Pra quem já leus outros posts meus e conhece meu trabalho, sabe que utilizo muito a técnica do aluno-que-aprende-não-o-professor-que-ensina. É só ver alguns exemplos aqui e aqui. Só que desde que entram na escola, têm como sinônimo de “aula” o cuspe-e-giz.

Mas tudo bem, este é o problema? “Peguem o caderno, vamos colocar matéria aí!”. Reclamação geral, quase linchamento da coitada.

Dividi o quadro em 5 partes e comecei. No meio da 2a parte a própria aluna reclama “chega professor, é muito!”. Nem dois quintos do quadro e eles já estavam reclamando, com os dedos doendo.

Mas então, peraí!, cópia é chato, exercício é chato, pesquisa é chato… hummm… que tal nada fazer?

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Na mesma linha:

a) Talvez esteja aqui a explicação do problema… (cuidado ao abrir no trabalho, pois tem som automático – um saco!)

b) Historinhas

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Declev Dib-Ferreira

Declev Reynier Dib-Ferreira sou eu, professor, biólogo, educador ambiental, especialista em EA pela UERJ, mestre em Ciência Ambiental pela UFF, doutorando em Meio Ambiente pela UERJ. Atuo como professor na rede municipal de educação do Rio de Janeiro e também na Fundação Municipal de Educação de Niterói (FME), no Núcleo de Educação Ambiental (NEA). Sou coordenador de educação da OSCIP Instituto Baía de Guanabara (IBG) e membro/facilitador da Rede de Educação Ambiental do Rio de Janeiro (REARJ)... ufa! Fiz este blog para divulgar minhas idéias, e achei que seria um bom espaço para aqueles que quisessem fazer o mesmo, dentro das temáticas educação, educação ambiental e meio ambiente. Fiz outro blog, com textos literários (http://hebdomadario.com), no qual abro o mesmo espaço. Divirtam-se.

2 thoughts on “Se nem cópia adianta, é melhor não fazer nada!

  • 06/02/2008 em 19:27
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    Resolvi comentar porque esse texto me lembra de minha experiência na vida escolar, e se não se importa vou contá-la aqui.

    Eu sempre fui uma criança curiosa e interessada na aula, mas tive um defeito, grave na opinião dos meus professores: era lento pra escrever. Quando o professor apagava a lousa pela segunda vez, eu já tinha que pular umas linhas pra copiar depois. E claro, existiam professores que [i]adoravam[/i] encher a lousa 8 vezes numa aula só.

    Sabendo que não podia depender dos meus “manuscritos” pra passar de ano, eu optei por usar outra estratégia: prestar atenção. E eu fazia isso muito bem; enquanto os outros alunos guardavam a matéria no caderno, eu guardava no cérebro. Não só passava de ano como aprendia o conteúdo. Por efeito colateral, ainda desenvolvi uma memória acima da média pois precisava lembrar da lição no dia da prova. Chegou o ponto em que praticamente nem usava mais o caderno (talvez pra desenhar durante períodos ociosos da aula ou fazer bolinhas de papel hehehehehe). Nem fazia mais os exercicios, pois resolvia a maioria de cabeça.

    Por vezes, encontrei professores que julgavam que meu comportamento era preguiça, falta de respeito, desinteresse… faziam questão de que eu enchesse o caderno. Tive um professor de filosofia que dava a nota das provas proporcional à quantidade de tinta depositada no papel. Descobri isso na primeira prova, ao dar respostas concisas (3 ou 4 linhas) coerentes com o conteúdo e levar uma nota baixa; ao comparar com meus colegas que encheram linguiça na folha vi onde tinha “errado”. Claro que eu, que escrevia devagar, odiei o sistema de avaliação dele. Aprendi a tempo da segunda prova, mas essa foi a matéria que quase me reprovou na faculdade. Passei com 6,75 (arredondando = 7 hehehehe)

    Na época senti muita raiva, mas hoje sinto pena dessas pessoas, com suas mentes pequenas que acham que quem aprendeu é porque copiou a lousa, entrou num grupo de 8 alunos onde 2 trabalharam, soube colar sem ser pego. No fundo são todos vítimas, como eu e você tambem somos, do patético sistema de ensino brasileiro. Quem dera chegue o dia em que formaremos geneticistas aos montes, astrônomos, físicos nucleares e eles terão trabalho no Brasil mesmo? Quando teremos autores renomados (Paulo Coelho NÃO É literatura) e ganhadores de prêmios Nobel? Quem sabe um dia seremos o país da cultura e não o país da bunda ou da corrupção? Talvez meus netos vivam pra ver esse dia…

    Abraços
    João Paulo

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  • 22/02/2008 em 09:03
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    Pois é João, a maioria dos professores que conheço faz isso. Mas sabe?, nem os culpo. É realmente complicado dar aulas para certas turmas. Você não tem o que fazer! Eles não prestam atenção e não calam a boca se não for com cópía! E o problema é cíclico: se os professores não pararem com este sistema, os alunos nunca se acostumarão a pensar, ao invés de copiar; e se eles não se acostumarem nos primeiros anos de ensino, ferrou!, depois é que não vai dar pra fazer mais nada!

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